3 de mar. de 2012

Midnight, Sessão 1

Sábado, 25 de fevereiro de 2012: primeira sessão de GURPS Midnight.

Já fazia algum tempo que eu não jogava RPG (meu deus, mais de mês, brrr!), e confesso que deu aquele frio na barriga (será que ainda sei mestrar? Como se rolam os dados? Posso bater nos jogadores?), mas no final deu tudo certo, mesmo com jogador chegando atrasado e fazendo a ficha no último instante. Fiz a introdução da ambientação - basicamente, o mesmo enredo do Senhor dos Anéis, só que desta vez, Izrador, o deus caído da Sombra (neste cenário, tem o papel de Sauron) é vitorioso, come churrasquinho de hobbits (opa, halflings - olha o copyright -, que viram uma raça de escravos) e corrompe quem não tem saco de mandar matar. Suas legiões de Orcs e Goblins se espalham por toda Eredane (a terra onde se passa o jogo) sob a conivência dos reis e príncipes humanos (corrompidos pelas promessas de dinheiro, poder e imunidade parlamentar). Nascer elfo, anão, ou qualquer outra raça feérica é atestado de óbito automático - basta ser encontrado pelas força da Sombra. Não adianta chorar pros deuses, que há milênios estão impedidos de entrar em Eredane por um truque sujo de Izrador.

Dizer que a coisa está preta é um eufemismo tão cataclísmico que desafia a imaginação e a gramática.

Os personagens se encontram em Chandering, anteriormente uma pequena cidade portuária na margem leste do Mar de Pelúria, aos pés das Montanhas Kaladrun. Com o fluxo das tropas de orcs vindas do Norte para espalhar-se pelas planícies centrais, tanto por terra quanto por mar, a cidade viu uma expansão extraordinária, com torres de guarda, aumento do comércio e é claro, das taxas. O príncipe da cidade, um nobre Dorn chamado Gregor Chander aceitou o pacto com a Sombra, ganhando poderes mágicos e imortalidade pela sua obediência cega aos desejos de Izrador. Infelizmente, todos os outros príncipes Dorn deram o dedo médio para a oferta de Izrador e se enfiaram nas geladas flerestas do norte, atacando os exércitos viajantes com táticas de guerrilha. São apenas um incômodo, mas um incômodo danado.

Nós vamos lutar contra QUEM?!
E é numa manhã fria de primavera que chega um combio de caravanas a Chandering, conduzido por dois experientes guias Dorn, que conhecem a região tão bem quanto seus calos e feridas de hipotermia nos pés. Skeld e Theobald recebem a quantia generosa pré-acordada pelo serviço e tratam de gastá-la da maneira mais apropriada: Skeld no bordel mais próximo, tentando extrair o máximo de cada centavo; e Theobald na feira, fazendo contatos, angariando novidades, segredos e clientes em potenciais com uma moeda de ouro estrategicamente bem gasta aqui e acolá.

Nesta mesma feira, em pleno exercício da profissão estão Nameless (o jogador nunca consegue criar o nome do personagem na primeira sessão. Nameless - sem nome, em inglês - é o menos pior que consegui colocar) e Faye. Ele é um experiente ladrão e enrolão profissional sarcosano que fugiu das forças da lei de outra cidade próxima cujo nome não lhe vem à memória, afortunadamente. No caminho, encontra uma aspirante a gatuna, fugida de alguma casa nobre local, com um elfo extremamente ferido a tiracolo, chamado Elanmir. Ele havia escapado de alguma escaramuça contra as forças da Sombra, com pouco mais que meio litro de sangue nas veias. Não necessariamente um revolucionário, mas ainda assim, não sendo em definitivo um bastardo completo (afinal, ele sabe pelo menos o nome de seu pai), Nameless resolve ajudar. Eles chegam a Chandering com o elfo disfarçado (tanto quanto possível) e o internam em um quarto no primeiro andar do pior muquifo da cidade, esperando não atrair a atenção de ninguém. E não é que funciona? Bom, pelo menos até duas semanas depois, quando recuperado da maior parte dos ferimentos, Elanmir desperta num quartinho de pousada de primeiro andar com o fedor e grunhidos que só podem ser de orcs, logo abaixo dele. Os caras parecem estar enchendo a barriga de comida e os cornos de cerveja. "Inadmissível", pensa o elfo, "que orcs continuem respirando o mesmo ar que eu".

E é claro que ele cata suas armas, sai sorrateiramente pelo telhado e fica camuflado em um telhado próximo, arco e flecha nas mãos, só esperando um dos orcs botar o focinho pra fora da pousada. O destino decidiu colocar esta pousada exatamente em frente ao bordel onde Skald foi gastar seu suado dinheirinho com moças de família e moral duvidosas (para ele, quanto mais duvidosas, melhor). Talvez novamente por mão do destino, os condutores da caravana, arrastando um bolsa cheia de moedas, fruto de suas mercadorias vendidas na praça do mercado, e que estavam sendo seguidos por Nameless (cujas intenções com a bolsa de moedas eram bem claras), resolvem entrar no mesmo bordel de Skald.

E é aí que a nossa história realmente começa.

Pois o plano de Nameless para apropriar-se dos supracitados bens alheios consistia de a) dar uma grana para garçonete mandar uma bebida ao sujeito com mais cara de macho do bordel dizendo que ela tinha sido enviada a ele pelo sujeito com a segunda maior cara de macho do bordel, com a mensagem "você é a coisa mais fofa que já aconteceu na minha vida"; b) aproveitar a confusão que iria surgir do quebra-pau épico entre os dois para c) surrupiar a bolsa e d) sair de fininho dali.

Até c) tudo deu certo. O problema foi d). Por que quando Nameless botou o pé pra fora do bordel, tinha um dos orcs - vigiados por Elanmir - indo aliviar a bexiga no meio da rua, que por sua vez, viu um humano com jeito ladino saindo de um bordel virado do avesso com um saco de conteúdo ricamente tilintante. Ele não contou conversa e rosnou um "pare, humano", prontamente respondido por Nameless com um "pernas, pra que te quero", sendo prontamente seguido por dois outros que saíram da pousada.
Elfos não gostam de Orcs? Digamos que eles tem seus motivos...
Se desmantelo pouco é bobagem, o que se seguiu foi seríssimo. Dentro do bordel, Skald procurava salvar as "moças", levando-as para um local seguro, como, por exemplo, um quartinho do primeiro andar. Lá fora, Elanmir começou a chuva de flechas contra os orcs. De início, era de maneira sorrateira, mas depois que o segundo caiu, eles começaram a se perguntar de onde é que vinham aquelas flechas alojadas nas cabeças e pescoços de seus colegas de lança. Bem camuflado, o elfo continuou o trabalho acertando uma flechada na perna de um dos dois orcs que perseguiam Nameless. Skald ficou curioso com o barulho, abriu uma janelinha do quarto onde estava - aham - resgatando as moças do bordel e deu de cara com um dos orcs, que procurava desesperadamente a origem das flechas. Levou um berro de "pare, humano" (que parece ser moda entre os orcs), e prontamente fechou a janelinha e desempacotou sua espada de duas mãos, lembrando-se de que posse de armas por humanos dava, no mínimo, pena de morte.

Nesse meio tempo, com grunhidos de alertas dos orcs, a milícia da cidade (que estava na praça do mercado, supervisionando o descarregamento da caravana que havia chegado há pouco) e alguns soldados da força da Sombra (um punhado de orcs e goblins) que também estavam no mercado, correram para o local. No seu encalço ia Faye, curiosa com o ocorrido, e Theobald, esperando que desta vez, a confusão não tivesse nada a ver com Skald.

Parei por aí. A próxima sessão promete...

2 comentários:

  1. Ainda acho que as cenas mais interessante foram contracenadas com as moças de família rsrsrs

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  2. E o pior é que teria rendido ainda mais, se não fosse ele ter aberto a janela.

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